quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A NATO e Portugal

Os trabalhadores portugueses da Base das Lajes na Ilha Terceira, uma vez mais protestam contra o total desrespeito por parte do comando norte-americano da Base. As recentes notícias nos jornais dão disso testemunho.

Entretanto o jornal Expresso dá notícia de que.os EUA querem – e se querem, assim será, dada a rasteira sabujice de décadas das autoridades portuguesas – transformar a base em campo de tiro para os novíssimos caças bombardeiros. A utilização da base como plataforma táctica e logística para acções de agressão dos EUA no Médio Oriente tem sido frequentemente feita com a complacência cúmplice do próprio Estado português. Por exemplo, por ocasião da intervenção no âmbito do caso dos reféns norte-americanos no Irão, uma dúzia de C130 fez escala técnica nas Lajes a caminho do Egipto. A base teve naturalmente papel importante durante a guerra do Golfo, a invasão do Iraque, na estratégia da guerra infinita definida pelos EUA a seguir ao 11 de Setembro de 2001, os generais portugueses multiplicaram-se em declarações sobre a comunhão de ideais e solidariedades profundas. Foi de imediato proclamado ad hoc que qualquer pedido de autorização para usar a base está dispensado. Daí as autoridades portuguesas fingirem que nada sabem da utilização ilícita da Base como escala do transporte, pela CIA, de prisioneiros ilegais para a Base norte-americana de Guantánamo, fora de toda a cobertura jurídica internacional ou, mesmo, nacional norte-americana.

São situações que só a apatia fomentada pelo discurso político manipulador e corrompido dos governantes nacionais e a contribuição das forças partidárias maioritárias, acompanhadas por uma comunicação social sem veemência contestatária e sem estímulo para a investigação e análise políticas fora dos cânones pré-estabelecidos pelos cânones dos oligopólios da informação, impede que o povo português se levante indignado perante a indignidade nacional decorrente da submissão imposta. Não sei se o ultimato que em 1890 fez tremer de comoção a nação portuguesa e pôs em causa o próprio regime de então teria a gravidade que configura a situação nas Lajes.

As Lajes são o argumento material fundamental da nossa integração na NATO.

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